O início de um novo ano traz uma sensação de recomeço e de esperança em cada um de nós. Isso porque colocamos sobre a mesa um novo calendário e passamos a usar uma agenda cheia de páginas em branco, deixando para trás coisas e experiências ruins que tivemos no ano anterior.

Mas apenas uma virada festiva com as pessoas que amamos, cheia de comida boa, todos com roupas bonitas e de cores significativas, com a expectativa da realização de sonhos e uma nova lista de promessas para o novo ano, não faz com que tudo de fato seja novo, principalmente na sua vida financeira.

“Em Janeiro começo uma nova vida, tudo vai ser diferente”, alguns sempre dizem, mas é também o mês em que vence a primeira fatura dos presentes de Natal e dos gastos com as comemorações de Dezembro; quando vem mais uma parcela das compras na Black Friday; é o mês do IPTU, do IPVA, da renovação de matrícula e do material escolar.

Então, como viver algo novo se tudo começa tão igual e tão cheio de desagradáveis bagagens financeiras herdadas do ano anterior?

Faça diferente, mude seus hábitos

Como algum sábio já disse, nenhum resultado diferente é alcançado com velhas práticas. É preciso mudar!

Fazer diferente e mudar de hábitos financeiros implica em ter disciplina e algum trabalho de organização, mas isso vai garantir que o seu ano seja melhor que o anterior e que você possa fazer planos e realizá-los.

Colocar cada coisa em seu lugar para se ter uma noção da real situação e do que precisa ser feito é importantíssimo, principalmente se em algum momento você perdeu o controle das suas finanças e elas se encontram bem confusas agora.

Vamos começar por um diagnóstico seguido de um planejamento consciente e realista.

Quais são sua renda e suas despesas mensais?

Usando uma agenda ou uma planilha, anote todas as suas entradas e saídas financeiras habituais. Seja sincero e não deixe nada de fora, pois seu planejamento futuro está diretamente ligado a essa lista mensal.

Sua renda é composta por todo valor que você recebe como crédito, ou seja:

  • Salário mensal;
  • Hora Extra;
  • Vale alimentação;
  • Benefícios e bolsas;
  • Recebimento de aluguel;
  • Trabalhos extras;
  • Venda de algum bem;
  • Rendimentos e dividendos;
  • Etc.

Também liste seus gastos mensais. Veja o que deve ser considerado:

  • Água, luz, aluguel e alimentação;
  • Telefone fixo e internet, telefone celular;
  • Mensalidade de escola, curso e faculdade;
  • Transporte;
  • Plano de saúde e odontológico;
  • Assinatura de TV e Streaming;
  • Gastos com lazer;
  • Financiamentos;
  • Empréstimos;
  • Faturas do Cartão de Crédito;
  • Etc.

A partir desse ponto é possível ver com clareza se o que se ganha por mês é suficiente para cobrir o que se gasta.

Organizando a casa

A organização financeira começa justamente quando a gente reconhece que não pode gastar além do que se ganha e pode planejar tudo baseado nessa realidade.

Por exemplo: uma pessoa fez suas listas e percebeu que sua renda mensal é de R$2.500,00 por mês e sua despesa é de R$2.700,00. O diagnóstico é que ela gasta mais do ganha e a ação a ser tomada é reduzir sua despesa, para que não fique no negativo todo mês.

Então, o que pode ser feito?

– Identifique os gastos supérfluos e faça cortes: de dez em dez reais o seu dinheiro vai embora, como se fosse uma goteira financeira, então encare com seriedade esse primeiro passo;

– Após cortar os gastos desnecessários e saber o valor que terá economizado com isso, negocie suas dívidas considerando sua nova possibilidade de pagamento;

– Separe o valor de cada despesa mensal assim que receber sua renda, para não cair na tentação de gastá-lo;

– Priorize o pagamento em dia da fatura do cartão de crédito, se esforce por eliminar seus parcelamentos e não fazer outros, pois isso compromete sua renda futura;

– Ao longo dos doze meses do ano, reserve um pequeno valor mensal para pagamento de despesas pontuais como IPVA, IPTU, material escolar, programação de férias e etc., de forma que seu 13º Salário não fique sobrecarregado.

– Mantenha todos os seus gastos anotados, faça isso semanalmente para não perder o controle.

Como manter minha conta bancária e minhas finanças no azul?

É uma ilusão pensar que vai sobrar dinheiro no final do mês e que, então, nós vamos guarda-lo para o futuro. Se não formos intencionais em fazer uma reserva financeira, nossas finanças não terão saldo positivo.

Inclua na sua despesa mensal uma porcentagem da sua renda para essa reserva. Alguns consultores financeiros recomendam 20%, mas se não for possível para você, comece com 10% ou mesmo 5%, mas comece, e depois vá aumentando.

Guarde esse valor em alguma aplicação, como CDB de contas digitais ou no Tesouro, pois possuem rendimento melhor que a Poupança.

Aproveite as oportunidades de ganhar renda extra e guarde-a nessa reserva. No início o resultado será tímido, mas seja persistente.

Um novo caminho

Com tudo anotado, com o planejamento básico traçado, será possível a partir daqui sonhar e traçar objetivos com base na sua realidade financeira, de forma que não seja mais preciso colocar uma corda no pescoço e passar sufoco.

Você será capaz de reconhecer e dizer “não” quando um gasto desnecessário surgir. Mas com o avançar dos meses, também poderá se permitir liberdades e se presentear, pagando à vista.

As bagagens financeiras negativas não te assombrarão mais e de fato tudo será novo, pois, além de você ter aprendido a tirá-las de suas costas, saberá como evita-las para o futuro.